A miíase é uma infestação que ocorre em feridas infestadas por Zoodermatose, caracterizada por larvas de moscas.
Conceito
A retirada da miíase consiste na limpeza com utilização de produtos e coberturas específicas na lesão de pele do paciente portador de feridas infestadas por Zoodermatose, a qual se caracteriza geralmente pelo acometimento de lesão da pele com larvas de moscas, sendo necessário a remoção mecânica total das mesmas.
Finalidade
- Prestar assistência ao paciente portador de lesões infectadas por miíase;
- retirar mecanicamente as larvas existentes na lesão cutânea.
Indicações e Contra-indicações
Indicação: pacientes portadores de lesões infectadas por miíase;
contra-indicação: ausência de miíase.
Prescrição, execução e duração
Prescrição: Enfermeiros
Execução: Enfermeiros ou Técnicos de Enfermagem sob supervisão.
O tempo de realização do procedimento varia de acordo com as condições do paciente e a quantidade de larvas existentes. Em média dura de 16 a 45 minutos.
Material e Equipamentos
- Bandeja não estéril;
- Álcool 70%;
- Álcool glicerinado 70%;
- Pacote de curativo simples estéril (ou pinça dente de rato);
- Soro Fisiológico 0,9% (morno);
- Agulha 40×12;
- Gaze estéril;
- Bacia inox redonda ou cuba rim não estéril;
- Coberturas e produtos conforme rotina da instituição;
- Fita adesiva ou cobertura adesiva do tipo esparadrapo impermeável;
- Atadura de crepom – tamanhos: 6 cm, 8 cm, 10 cm, 12 cm e 15 cm de acordo com a localização e extensão da lesão;
- EPI (Equipamentos de Proteção Individual): gorro, máscara cirúrgica, óculos de proteção, capote, e luvas de procedimento;
- Vaselina sólida;
- Saco plástico ou forro impermeável;
- Lixeira para resíduo infectante;
- Biombo.
Descrição do Procedimento
- Ler a prescrição do paciente e a evolução anterior do curativo, realizar anamnese (quando em consulta ambulatorial);
- Realizar higienização das mãos com água e sabão conforme rotina da unidade;
- Separar uma bandeja ou cuba rim para o procedimento;
- Fazer desinfecção da bandeja com gaze embebida em álcool 70%, unidirecional, repetindo o movimento três vezes e aguardando a secagem espontânea;
- Higienizar as mãos com álcool glicerinado 70%;
- Separar o material para o procedimento, colocando-o na bandeja;
- Levar a bandeja até a unidade do paciente e colocá-la na mesa de cabeceira;
- Apresentar-se ao paciente e/ou acompanhante;
- Checar os dados de identificação na pulseira do paciente conforme rotina da unidade;
- Orientar o paciente e/ou acompanhante quanto ao procedimento;
- Promover privacidade, utilizando biombos, se necessário;
- Posicionar adequadamente o paciente para o procedimento;
- Higienizar as mãos com álcool glicerinado;
- Colocar EPI padrão ( gorro, máscara cirúrgica, óculos de proteção), considerando o uso de
capote em pacientes com precaução de contato; - Organizar o material;
- Calçar luva de procedimento para remoção do curativo anterior;
- Remover o curativo cuidadosamente, umedecendo a gaze ou cobertura primária com soro fisiológico a 0,9 % em jato para facilitar a remoção;
- Calçar luva estéril;
- Realizar a limpeza de pele perilesional e bordas, utilizando uma gaze úmida em soro
fisiológico, com movimento de fricção suave; - Realizar a limpeza da ferida, utilizando o jato de Soro Fisiológico 0,9%, preferencialmente
pré-aquecido (morno); - Identificar o tipo de tecido presente no leito da lesão, avaliar bordas e pele perilesional;
consultar CUIDADOS ESPECIAIS/ PLANO DE CONTINGÊNCIA; - Retirar as larvas da lesão com auxílio de uma pinça
- Aplicar vaselina sólida em toda lesão;
- Aplicar cobertura secundária utilizando-se gaze seca para efetuar oclusão;
- Fechar o curativo com cobertura adesiva do tipo esparadrapo impermeável ou atadura de
crepom e fixar com fita adesiva; - Repetir o procedimento após 24 horas, e até a confirmação da remoção total das larvas;
- Deixar o paciente confortável;
- Manter a organização da unidade do paciente;
- Desprezar o material utilizado nos locais apropriados;
- Realizar higienização das mãos com água e sabão conforme rotina da unidade;
- Realizar as anotações necessárias, assinando e carimbando o relato no prontuário do
paciente.
Cuidados especiais e Plano de Contingência
- A miíase é uma afecção causada pela presença de larvas de moscas em órgãos ou tecidos
do homem e de outros animais. - Sua localização preferida em humanos é na pele com infecção cutânea (semelhante á um
abscesso com invasão de derme ou em ferida preexistente, também há ocorrências
descritas nas cavidades naturais ( ouvido, boca, ânus e vagina ) e intestinal (ingestão
acidental de Larvas). - Está relacionada aos hábitos precários de higiene, baixo nível de instrução, etilistas,
diabéticos, imunossuprimidos ou com distúrbios psiquiátricos. - Reforça-se orientar o paciente sobre a importância da aceitação e participação durante os procedimentos, incluindo o seu auto-cuidado.
- Incluir o acompanhante ou cuidador na implementação dos cuidados, educando-o para a
manutenção dos cuidados em domicílio. - A lesão cutânea apresenta larvas da mosca Dermatobia hominis ( “berne”) que deposita
seus ovos sobre mosquitos e moscas que, por sua vez, os carregam até o hospedeiro,
penetram no tegumento. O diagnóstico é feito por: nódulos inflamatórios fistulizados
semelhantes a furúnculos, com eliminação de secreção serossanguinolenta; dor em
ferroada, episódica e visualização dos movimentos da extremidade da larva no orifício
fistuloso. - As miiases cavitárias, também conhecidas como “bicheiras” são geralmente causadas pelo gênero Callitroga (“varejeira”) consistem na proliferação de larvas de moscas em
ulcerações cutâneas. - O aspecto clínico de ambas os tipos de lesões é característico, com as larvas em grande
quantidade movimentando-se dentro da ulceração. - Em casos de difícil retirada das larvas nas lesões de pele pode-se alargar o orifício
realizando pequena incisão, e assim favorecer a remoção com pinça e leve expressão na
lesão. - O desbridamento cirúrgico pode ser necessário nos casos de inviabilidade tecidual.
- Pode-se utilizar previamente algumas substâncias para se bloquear a via de respiração da
larva, causando a migração desta para a superfície e posterior retirada, por exemplo
oclusão com gaze vaselinada. - Deve-se reforçar ao paciente e acompanhante os cuidados com a higiene e da realização
do curativo diário para evitar deposição de novos ovos. - Utilizar a cobertura adequada consultar POP 056-003. Critérios para escolha do
tratamento tópico adequado. - A medicação Ivermectina pode ser prescrita pelo médico como tratamento por via
sistêmica, dose única oral.
Terminologia Utilizada
Zoodermatose: São afecções cutâneas causadas por protozoários, artrópodes e helmintos. As mais importantes em nosso meio são a escabiose, as pediculoses, a tungíase, as miíases e a larva migrans.
Fonte: POP Hospital Universitário Pedro Ernesto.