Verificação da Respiração, como fazer?

A respiração é um dos sinais verificados em qualquer avaliação do paciente. Os movimentos respiratórios são demonstrados pela movimentação do tórax e abdômen.

A medida exata da respiração vai depender da observação, pelo profissional, dos movimentos torácicos e abdominais normais.

A Respiração

A respiração ocorre pela passagem do O2 para dentro das vias aéreas, com a subsequente saída do CO2. É composta pela inspiração e expiração, respectivamente.

Na inspiração, o diafragma se contrai levando os órgão abdominais a um movimento ascendente e para a frente, aumentando a capacidade vertical da cavidade torácica. Ocorre conjuntamente a elevação das costelas e a projeção delas para a frente. O esterno, por sua vez, ascende e projeta-se auxiliado pela expansão transversal dos pulmões.

Na expiração, o diafragma relaxa em um movimento  ascendente, as costelas e o esterno voltam à sua posição de relaxamento e os órgãos abdominais voltam à posição original.

Delegação de Tarefas

O Enfermeiro, como supervisor da equipe de enfermagem, pode delegar o procedimento de verificação da respiração para o pessoal de nível médio (Técnicos e Auxiliares de Enfermagem), desde que ele permaneça supervisionando o procedimento.

Caso haja necessidade, como em casos de pacientes instáveis, o Enfermeiro é que deve realizar o procedimento.

A equipe de enfermagem deve ser orientada à:

  • Levar em consideração fatores relacionados à história clínica do paciente ou à risco de aumento ou diminuição da frequência respiratória, ou ainda respirações irregulares;
  • Obter a medida da frequência respiratória adequada dos pacientes;
  • Relatar ao enfermeiro todas as anormalidades na frequência ou no ritmo respiratório.

Material

  • Relógio de pulso com marcador de segundos ou mostrador digital;
  • Caneta e fluxograma ou formulário de registro dos sinais vitais.

Implementação

A implementação deve seguir as seguintes etapas:

  1. Completar o protocolo pré-procedimento;
  2. Avaliar a existência de sinais e sintomas de alterações respiratórias, como surgimento da cor azulada ou cianótica do leito ungueal, dos lábios, das mucosas e da pele; inquietação, irritabilidade, confusão, nível de consciência reduzido, dor à inspiração, esforço respiratório ou dispneia, ortopneia, uso da musculatura acessória, sons respiratórios adventícios, incapacidade de respirar espontaneamente, produção de secreção espessa, com espuma, manchada de sangue ou abundante. Justificativa: Sinais e sintomas físicos indicam  alterações no estado respiratório, associadas à ventilação.
  3. Avaliar a existência de fatores que influenciam as características das respirações (justificativa: possibilita ao enfermeiro a avaliação exata de possível presença e da importância de alterações respiratórias):

a. Exercício (justificativa: as respirações aumentam em frequência e profundidade para atender à necessidade de mais oxigênio e liberação de dióxido de carbono do organismo.

b. Dor aguda (justificativa: a dor altera a frequência e o ritmo respiratórios; a respiração fica superficial. O paciente inibe ou apoia os movimentos da parede  torácica quando a dor é localizada na área torácica ou abdominal.

c. Tabagismo (justificativa: o tabagismo crônico muda as vias aéreas pulmonares, resultando em frequência respiratória  aumentada em repouso quando o indivíduo não está fumando.

d. Medicamentos (justificativa: analgésicos narcóticos, anestesia geral e hipnóticos sedativos deprimem a frequência e a profundidade; anfetaminas e cocaína aumentam a frequência  e a profundidade;  broncodilatadores causam dilatação das vias aéreas, o que acabam desacelerando a frequência respiratória.

4. Avaliar os valores laboratoriais pertinentes:

a. Gasometria Arterial (GA) (os valores de parâmetro variam pouco entre as instituições); as variações normais são: (1) pH, 7,35 a 7,45; (2)PaCO2, 35 a 45mmHg; (3) PaO2, 80 a 100 mmHg; (4) SaO2, 95% a 100%. (Justificativa: a Gasometria Arterial mede o pH do sangue arterial, a pressão parcial de oxigênio e dióxido de carbono e a saturação do oxigênio arterial, o que reflete a condição de oxigenação do paciente.

b. Oximetria de Pulso (SpO2): SpO2 normal 90% a 100%; 85% a 89% é aceitável para a algumas condições crônicas; menos de 85% é anormal. (Justificativa: SpO2 inferior a 85% costuma estar acompanhado de mudanças na frequência, profundidade e ritmo respiratórios.

5. Se o paciente está ativo, aguardar 5 a 10 minutos para avaliar os movimentos respiratórios. (Justificativa: O exercício aumenta a frequência e a profundidade respiratórias. Avaliar as respirações com o paciente em repouso permite a comparação objetiva de valores.

6. Avaliar as respirações após verificar a frequência de pulso no adulto. (Justificativa: a avaliação da respiração logo após avaliar a frequência de pulso evita que o paciente de forma consciente ou não intencional, altere a frequência e a profundidade da respiração.

7. Colocar o braço do paciente em uma posição relaxada sobre o abdome ou a porção inferior do tórax, ou colocar a mão diretamente sobre a porção superior do abdome do paciente. (Justificativa: o posicionamento da mão sobre o abdome proporciona maior certeza do movimento. Não é obrigatória essa etapa, porém dá uma maior certeza da elevação do abdome).

8. Observar o ciclo respiratório completo (uma inspiração e uma expiração);

9. Se o ritmo estiver regular, contar a quantidade de respirações em 30 segundos e multiplicar por 2. Se o ritmo estiver irregular, inferior a 12, ou superior a 20, contar durante 1 minuto inteiro. (justificativa: a frequência respiratória equivale ao número de respirações por minuto. A suspeita de irregularidades exige avaliação durante  pelo menos 1 minuto).

10. Observar a profundidade das respirações, prestando atenção ao grau de movimentação da parede torácica ao mesmo tempo em que conta a frequência. Além disso, avaliar a profundidade, palpando a excursão da parede torácica ou auscultando o tórax posterior após contagem da frequência. Descrever a profundidade como superficial, normal ou profunda.

11. Observar ritmo e ciclo ventilatórios. A respiração normal é regular e ininterrupta. Não confundir suspiros com ritmo anormal.

12. Se estiver avaliando as respirações pela primeira vez, estabelecer frequência, ritmo e profundidade como pontos de partida se estiverem em uma variação aceitável.

13 Comparar as respirações com parâmetros anteriores do paciente e em relação a frequência, ritmo e profundidade usuais.

14. Concluir o protocolo pós-procedimento.

Registro e Relato

  • Registrar a frequência respiratória no fluxograma ou registro de sinais vitais. na evolução de enfermagem, registrar na forma narrativa profundidade e ritmo anormais.
  • Na evolução de enfermagem, registrar, na forma narrativa o valor da frequência respiratória após a administração de terapias específicas;
  • Indicar, na evolução de enfermagem, tipo e quantidade da oxigenoterapia em uso;
  • Relatar os achados anormais ao enfermeiro responsável ou ao médico.

Fonte:  PERRY, A. G.; POTTER, P. A.; DESMARAIS, P. L. Guia completo de procedimentos e competências de enfermagem. Tradução de Renata Scavone de Oliveira et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 3-7.

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